O artigo discute, a partir de três obras literárias - Os sertões, de Euclides da Cunha, Tropas e boiadas, de Hugo de Carvalho Ramos e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa - a identidade do sertanejo esboçada por seus autores. Aponta para essas construções identitárias inseridas nas preocupações dos intelectuais/escritores referidas nos tempos históricos da escritura das obras. Assim, para Euclides da Cunha, revelar a existência do sertão e do sertanejo para o litoral/civilização, gerava a grande indagação sobre a identidade nacional já que a nação, que deixava para trás o Império e se lançava numa possibilidade de transformação com a República, ainda não havia conseguido identificar de que matéria era feita a ‘alma nacional’. Já o escritor goiano Carvalho Ramos buscou resgatar elementos da cultura ligada à pecuária de seu estado no momento em que divulgar Goiás na capital federal significava tentar inserir o estado no concerto da nação. Guimarães Rosa, por seu turno, vivenciando em meados do século XX a dominância do discurso desenvolvimentista da era JK, chama a atenção do Brasil e do mundo para a sobrevivência da cultura sertaneja, ao mesmo tempo indicando seu grau de universalidade.