Este ensaio discute três cartas de leitores que foram enviadas a Guimarães Rosa em maio e junho 1946, relatando-lhe suas impressões de leitura acerca de seu livro de estreia, Sagarana, publicado em abril do mesmo ano. A análise dessas cartas mostrou que a leitura de Sagarana foi fortemente marcada pelo viés identitário, o que por hipótese poderia ser atribuído à maneira pela qual esses leitores interpretavam o papel da literatura, relacionando-a ao contexto sócio histórico da época. Os pressupostos teóricos que balizam esse estudo são o discurso epistolar – subgênero carta de leitores a escritores –, as teorias literárias que tratam sobre a identidade e a estética da recepção. A análise comparativa dessas três cartas, relacionando-as à construção da identidade brasileira e ao peso da literatura na construção dessa identidade, aponta em um primeiro momento para duas conclusões. A primeira parece indicar que o forte viés identitário dessas leituras reflete o horizonte de expectativa dos