O ex-jagunço Riobaldo, narrador-protagonista de Grande sertão: veredas, é um homem angustiado, perturbado por lembranças de um passado que não consegue compreender. Riobaldo gostaria de encontrar na religião um sistema explicativo capaz de dar significado ao vivido. Para isso, ele busca sentidos últimos, certezas absolutas; ou, em suas palavras: a “lâmpada de Deus, a lisa e real verdade”. Entretanto, ao refletir sobre o assunto, leva tão longe seus questionamentos que acaba por colocar sob suspeição os próprios princípios religiosos que gostaria de afirmar. Os enunciados afirmativos são sempre seguidos por sua problematização, ou até mesmo por sua negação, para, logo adiante, voltarem à cena, reafirmados. Assim, tudo termina na ambiguidade, no impasse, na impossibilidade, enfim, do estabelecimento de qualquer sentido final apaziguador,