Em Meu tio o Iauaretê, Guimarães Rosa empreende em prosa um grande experimentalismo com relação à linguagem, utilizando-a como um instrumento em que, por meio da mescla entre o português e o tupi, aflora o hibridismo do narrador homem-onça. O uso do tupi no conto, sobretudo na forma do nheengatu, é bastante denso, devido a isso um estudo da elaborada linguagem da obra mostra-se muito revelador. Abordamos ao longo deste ensaio as variadas formas pelas quais o tupi mescla-se à língua portuguesa na narrativa de Rosa e sugerimos interpretações que decorrem do estudo desse hibridismo linguístico, que confere singularidade à linguagem denominada jaguanhenhém. Por fim, fornecemos um glossário em que listamos e traduzimos os termos tupis utilizados por Rosa. Desse modo, este trabalho busca preencher uma lacuna apontada por Haroldo de Campos em seu conhecido ensaio A Linguagem do Iauaretê.