O artigo analisa imagens de animais em cinco textos de João Guimarães Rosa publicados em Ave,
palavra. Nesses textos, intitulados “Zoo”, Rosa deixa delado a fauna sertaneja, tão característica de suas obras, e descreve animais de zoológicos e jardins públicos do Brasil e da Europa. São elencadas as similaridades e diferenças entre os contos, apontados os diversos recursos linguísticos explorados por Rosa na elaboração dessas poéticas imagens zoológicas.
O artigo apresenta um estudo comparativo entre o episódio da guerra deflagrada pelo personagem Zé Bebelo, em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e os atentados cometidos pelo narrador-protagonista do conto “O cobrador”, de Rubem Fonseca. Com relação ao primeiro, pretende-se demonstrar sua compreensão idealizada da modernidade, segundo a qual a redenção da condição miserável dos sertanejos só seria possível através de uma revolução que impusesse a ordem republicana no sertão. Já com a análise de “O cobrador”, tencionamos explicitar a dissimulação com a qual o narrador se descreve como quem luta por uma sociedade mais igualitária; objetivo que, à semelhança do ocorrido com Zé Bebelo, também não é alcançado. A frustração dos ideais de ambos os personagens articula-se, por sua vez, a uma imagem de desigualdade social, que aproxima os textos de ambos os autores, justificando a abordagem comparativa.