Este estudo tem por objetivo analisar a questão da animalidade presente em Grande Sertão: Veredas, 1956, de João Guimarães Rosa. A análise se concentrará em compreender o uso da metáfora animal para determinar a essência dos personagens, para isso, observaremos o modo como o autor utiliza este recurso de forma metafísica para definir a dualidade no animal humano e a sua semelhança com o animal não-humano. Dessa forma, pretendemos comprovar que o uso de características animalizantes para ilustrar seres-humanos não sugere uma suposta posição de superioridade dos mesmos em relação aos animais, mas propõe uma visão de igualdade entre espécies. Para que esta análise seja possível, revisaremos as referências bibliográficas sobre animalidade na obra rosiana para que assim possamos estabelecer a argumentação, podendo, a partir disso, apresentar a análise proposta para este estudo. Ainda, aplicaremos as teorias canônicas sobre animalidade para exemplificar a maneira consciente com que Guimarães Rosa parece trabalhar este tema em sua obra.
“Saudades de destino” é uma expressão utilizada no início da novela-conto “A Estória de Lélio e Lina” para expressar o sentimento do protagonista, o vaqueiro Lélio, Com ascendência familiar nos sertões, ele parte da cidade para os Gerais mineiros na busca incessante de significâncias, que se elaboram nas novas e diversas experiências que vivencia, estendidas a pessoas e mundos que conhece no caminho, principalmente na Fazenda do Pinhém. São aqui seguidas as trajetórias de personagens dessa e de outras estórias de Corpo de Baile (1956), de João Guimarães Rosa, propondo questões a partir de uma escrita em movimento. O tecido estético carrega embates entre forças históricas, incluindo as dos fazendeiros e as que partem das cidades, em nome de progressos, confrontadas à diversidade iletrada de sertanejos, astuta e incômoda ao convívio de regras, tal como os enredos e outras elaborações do texto literário, composto pelo escritor e as práticas culturais.