Este artigo busca refletir sobre a configuração da violência no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. Ao creditar importância aos condicionantes históricos para entender a natureza brutal da sociedade sertaneja, destacamos em nossa análise como a religião edifica uma nova forma de opressão, operando contra os princípios éticos e morais que definem a subjetividade do protagonista. Os pressupostos teóricos antevistos no livro Origem do drama trágico alemão, de Walter Benjamin, em cujos fundamentos a alegoria, em liame com a perspectiva dialética, se alça como categoria analítica, embasaram a leitura do relato rosiano. Concluímos que, ao abandonar as práticas cristãs e se voltar para a face secular do sertão, a formação pietista de Augusto Matraga foi insuficiente para redimir as atribulações de sua alma. Para aceitar o fardo que era viver em um espaço social profanado pela história e abandonado por Deus, a morte se insurge como um espelho que reflete os contornos mais luminosos de sua redenção.
No presente artigo, analisamos representações da identidade de Minas Gerais, passando pela formação cultural, intelectual e política do Estado. A partir dessas considerações iniciais, teremos como foco o livro Grande Sertão: Veredas, onde detectamos uma vertente da mineiridade cujos novos (e indefinidos) vetores apontam para além das habituais representações.