Nosso trabalho de crítica literária se ocupa do estudo analítico da imagem do boi como construção de uma narrativa oral no Sertão. Elegemos como corpus a canção Cantiga de Boi Encantado, de Elomar Figueira Mello e o conto Os Três Homens e o Boi dos Três Homens que Inventaram um Boi, de Guimarães Rosa; que serão observados pelo viés do imaginário, da identidade e da memória do cantar/contar as representações de um boi encantado pela cultura do nordeste.
Este texto objetiva discorrer sobre o regionalismo brasileiro e suas diferentes faces na literatura. Para isso, são analisadas as obras São Bernardo, de Graciliano Ramos, A hora da estrela, de Clarice Lispector, e A Terceira Margem do Rio, de João Guimarães Rosa. Tais obras trabalham com diferentes aspectos e pressupostos desse regionalismo. Em São Bernardo, tem-se a premissa de que os homens são produzidos pelo meio físico; em A Terceira Margem do Rio, Guimarães, por meio daquilo que se poderia denominar de “super-regionalismo”, trata de problemas universais; e, em A hora da estrela, Clarice parte do regional de uma forma explícita ao tomar como protagonista uma retirante nordestina, mas, semelhante a Guimarães Rosa, ela utiliza essa matéria regional para discutir questões daquilo que é interior ao nordestino e, também, ao ser humano de uma maneira geral.