Este estudo pretende discutir acerca da amizade literária entre os dois grandes escritores brasileiros, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Sabe-se que ambos não só foram amigos, como um admirava a literatura do outro. Tal discussão pautar-se-á pelo que propõe a teoria da crítica
cultural biográfica, principalmente no tocante às relações de amizade. Entre outros autores, valeremo-nos do que propõe Francisco Ortega, em seus livros Para uma política da amizade: Arendt, Derrida, Foucault e Amizade e estética da existência em Foucault e Jacques Derrida, em seu Políticas da amizade. Embasado no que postula os autores, discutiremos o conceito de amizade como, grosso modo, um fio condutor de mão dupla, ou seja, uma forma de troca de favores, de interesses, onde o amigo “interessado” se relaciona com o outro a fim de obter algum tipo de proveito da relação, mesmo que este proveito seja sem a intenção propriamente dita. Discutiremos, ainda, com relação aos dois autores, quem poderia estar mais interessado nas relações/influências um do outro: Clarice
Lispector, uma escritora que, comparada a Rosa, se despontava na literatura, e Rosa, um astro literário, o que poderia ganhar com tal relação? Além de mostrarmos a importância e valor da referida amizade entre ambos os intelectuais para a crítica.