Esta dissertação realizou um estudo da novela “Campo Geral”, de João Guimarães
Rosa, que compõe o livro Corpo de Baile. Pretendemos, com mais este estudo, suprir
uma carência da crítica no que diz respeito a uma análise histórico-comparativa relativa
à temática da infância na obra do autor mineiro. Para isso, consultamos trabalhos sobre
a infância de importantes historiadores. Com a reflexão desses autores estabelecemos
um diálogo produtivo com nosso corpus. Em Phillipe Ariès encontramos aspectos
sociais que contribuíram para a mudança de um estágio de ignorância em relação à
infância para uma constatação da sua existência, que Ariès chama de “sentimento de
infância” (ou infância moderna). Já Neil Postman percebeu que certas invenções
técnicas causaram impacto na estrutura das sociedades, em especial para consolidar a
noção de infância. Mary Del Priore, por sua vez, produziu e organizou textos sobre a
infância no Brasil, do período colonial ao século XX. Fizemos um recorte dessas
contribuições a fim de analisar as ressonâncias históricas da infância em “Campo geral”.
Esse diálogo serviu para demonstrarmos como se dá a relação alegórica entre infância e
sertão e suas relações com as configurações antigo-medieval e moderna. Apontamos,
por fim, uma relação simbólica entre infância e sertão, entre o mundo antigo-medieval e
moderno ou entre o sagrado e profano, em que a passagem de um estado para outro se
constitui a partir dos ritos de passagem.
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