Este artigo objetiva analisar a heterogeneidade enunciativa encontrada na carta
de J. Guimarães Rosa a João Condé, revelando segredos de Sagarana. O estudo orientouse a partir dos pressupostos teórico-metodológicos de Jaqueline Authier-Revuz, tendo como
suporte o conceito de heterogeneidade enunciativa, concepções de sujeito e de sua relação
com a linguagem e a noção de interdiscurso para designar a exterioridade das formações
discursivas na obra de Pêcheux. A preocupação foi fundamentada no modo como os
diferentes sujeitos se movimentam, isto é, se constituem no discurso, sendo interpelados pelo
outro. Elegemos, como corpus desta análise, trechos da carta em que o escrevente permitiu
escapar, linguisticamente, os atravessamentos discursivos e imprimiu marcas da
intersubjetividade na escrita, a respeito da própria formação discursiva, da percepção de
mundo, da gente do interior, de sua escrita e os impactos desses aspectos subjacentes à
constituição do próprio sujeito-autor. Tais discursos, observado seu funcionamento de
natureza social, constroem-se na interlocução entre os sujeitos, o contexto histórico social e
ideológico que se tornam constitutivos na relação de sentidos provocados pela concepção
que se instaura.
Atenção! Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. Para alguns deles, no entanto, acrescentamos a opção "Visualizar/Download", que remete aos sites oficiais em que eles estão disponibilizados.