O foco deste trabalho assenta-se no percurso da indianidade nas obras selecionadas a partir das afinidades com o universo natural, mítico e aculturado do indígena. Objetiva analisar as estratégias de figuração criadas no âmbito literário, em que o nativo é posto em interação com um elemento externo à sua cultura, seja ele o não-índio, o cristão ou o civilizado, responsável pela oposição índio versus brasileiro. No percurso de leitura estabelecido, as análises dos textos apontam como o homem americano foi visto frente às relações sócio-econômicas e culturais determinadas pelo encontro com o colonizador e as conseqüências derivadas dos conceitos contraditórios que emergiram do quadro de ocupação da terra brasileira. A seleção das obras significativas para este trabalho deu-se a partir da Carta de Achamento, de Pero Vaz de Caminha até a publicação de Maíra (1976), de Darcy Ribeiro. Considerou-se a presença do índio sob diferentes convenções ideológicas e de estilo, em obras representativas dos vários movimentos culturais, nas quais se revelam os matizes que promovem o diálogo entre o indianismo e o indigenismo literário brasileiros. Dessa maneira, o trabalho obedece a dois propósitos: o científico, por meio da interpretação das imagens da realidade nacional tecidas pelo aspecto literário; e o didático, pela composição em forma de um roteiro de leitura, estabelecendo ligação entre a análise e o excerto-referência, pelo qual se dá o contato direto do leitor com o fragmento da obra.
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