Neste ensaio pretende-se retraçar a instalação de inúmeros misturas na obra de João Guimarães Rosa. Na Estória do Homem do Pinguelo essas misturas se possibilitam através do encontro com a própria alteridade nos vários níveis da Estória: na estória narrada, entre os dois narradores, na linguagem e na estrutura. Estão instaladas alteridades recíprocas, seja ela marcada pela oposição nômade/sedentário, rural/urbano, popular/erudito, que para se reconhecer precisam de um mediador, uma terceira posição que age num lugar-entre, um lugar entre as oposições. Um mediador desta Estória é o misterioso Homem do Pinguelo. Com a entidade misteriosa Guimarães Rosa destaca mais uma vez o papel do fantástico na reflexão sobre as questões fundamentais da condição humana.
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