Com sua linguagem renovadora, a publicação de
Sagarana (1946), de Guimarães Rosa, abriu novas perspectivas
para a prosa brasileira, no sentido de incorporação do mágico e do
poético, exigindo da crítica novos conceitos e métodos de análise. A
interpretação dessa obra exigiu que os críticos discutissem (ou
rediscutissem) seus pressupostos hermenêuticos, o que levou
alguns a perceber, por exemplo, que o regionalismo, a cuja
tradição Sagarana estaria vinculada, não oferece todas as
possibilidades para a compreensão e explicação da obra como um
todo. Neste artigo, dar-se-á ênfase à narrativa “A hora e vez de
Augusto Matraga”, quanto aos seus aspectos formais e temáticos,
responsáveis pelo caráter inovador, em articulação com a reflexão
antropológica de Roberto DaMatta de Carnavais, malandros e
heróis (1981). Adotaremos, para o exame da organização formal
do texto, a divisão proposta por Fábio Freixieiro no seu ensaio “O
problema do gênero em Sagarana ”(FREIXIEIRO, 1971, p.
74-101). O autor divide o texto em três partes: 1) o primeiro Matraga;
2) a crise mística — a humilhação do protagonista; 3) encontro
com seu Joãozinho Bem-Bem. Por fim, discutir-se-á a
particularidade estética de que se reveste o banditismo em
Sagarana , cuja leitura exige, assim, uma problematização de tipos
humanos havidos como expressão e marca de uma região.
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