Este ensaio procura abarcar o jogo do olhar na estória “Minha gente”, de Sagarana (1946), a partir do olhar feminino de Maria Irma. Acredita-se que em suas relações interpessoais – família/negócios, amizade, amor – a personagem Maria Irma exercita uma sutil articulação de peças, para ser verossímil com um léxico forte no conto (o xadrez), que visa a seu interesse pessoal bem como familiar/social. Esse traço pode aproximar Maria Irma de algumas figuras míticas da cultura ocidental. Por astúcia sorrateira, ela demonstra uma subjetividade do gênero parcialmente distinta daquela que se costuma apreender na tradição do patriarcado, marcada por uma maior submissão da mulher. No entanto, o jogo de sedução e ludibrio que se revela nessa narrativa visa à manutenção e preservação da hegemonia masculina familiar e política de cunho patriarcal. Maria Irma representaria, na proposta defendida aqui, a tensão entre o avanço e o recuo do gênero feminino na ficção de Rosa, oscilando entre afirmar seu desejo e também garantir o status quo familiar.
Atenção! Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. Para alguns deles, no entanto, acrescentamos a opção "Visualizar/Download", que remete aos sites oficiais em que eles estão disponibilizados.