Apresentamos neste texto algumas considerações sobre o gênero feminino na obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. João Guimarães Rosa pertence à terceira geração do Movimento Modernista no Brasil e tem como uma de suas características o uso da narrativa como possibilidade de reconstruir o vivido e, dessa forma, tentar decifrá-lo. A vida e os afetos humanos, para Guimarães Rosa, só se concretizam e se explicam através de paradoxos que, como afirma o autor do romance, têm a função de exprimir o que não se pode dizer através das palavras. Compreender o elemento feminino nesta obra exige que se tenha em mente o lugar social que o gênero ocupa dentro da totalidade. O que se tem é um sertão que “carece de fecho”, um mundo de jagunços e de duras e próprias leis em que é preciso ser forte para, assim, assegurar a sobrevivência. A mulher, neste contexto, é vista como “sexo frágil” (por ser dona de uma estrutura física mais delicada), torna-se dependente do homem e, automaticamente, submissa a ele, cedendo seu corpo e sua existência para servir a seus caprichos. Fugir desta perspectiva só seria possível sendo Diadorim, a mulher às avessas. Mulher essa, que rouba a paz e põe em conflito o universo interior do protagonista Riobaldo, que só recupera sua tranqüilidade por meio de Otacília, sua estrelaguia na busca pela reorganização de seu âmago.
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