Este trabalho apresenta uma leitura crítica das novelas de Corpo de Baile (1956) de João Guimarães Rosa, com o foco nas figuras dos contadores de estórias e dos cantadores de cantigas e suas respectivas performances. Pretende-se ressaltar que, numa espécie de mise en abyme, estórias são contadas dentro da estória, enfatizando, portanto, os eventos dessas performances no momento da enunciação. Verifica-se que em Corpo de Baile a performance das figuras dos contadores de estórias e dos cantores gera uma reflexão sobre a relação entre escrita e oralidade, bem como uma reflexão sobre a representação de uma forma de oralidade encenada. Assim, questionamentos sobre as experimentações formais nos levam a equacionar as escolhas de Rosa na elaboração da sua obra em forma de ciclo. Tanto sua forma assume novas variantes, quanto parece estar em constante prolongamento. Pretende-se destacar que Guimarães Rosa, numa espécie de roman-fleuve, constrói as narrativas de Corpo de Baile por meio de uma estrutura harmônica composta de textos que se relacionam entre si pelo transbordamento de personagens que transitam entre as novelas, sustentado pelos signos da musicalidade e do recomeço. Conclui-se que Corpo de Baile apresenta uma esfera composicional que visa uma construção de um espaço artístico cujas performances são ao mesmo tempo uma espécie de ferramenta narrativa e de reflexão sobre aspectos da criação poética.
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