O presente artigo se propõe a analisar a representação da infância, a partir da figura da criança como protagonista, e a ocorrência de ritos de passagem nas obras de Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Pretende-se traçar um paralelo entre os contos “Restos de carnaval”, de Lispector, e “As margens da alegria”, de Rosa, analisando os aspectos estruturais do enredo a fim de comparar a forma como ambos os contos abordam as transformações da infância. A ingenuidade diante de um símbolo é um marco inicial de um ciclo nas duas narrativas, e, quando confrontada, gera uma modificação em toda a atmosfera dos contos e nas percepções das personagens sobre a vida. O final das narrações é marcado pelo surgimento de um novo símbolo que revive a esperança nas crianças, marcando o início de um novo ciclo. As duas narrativas se assemelham tanto nos aspectos estruturais da narração quanto nos sentimentos resultantes dos acontecimentos ao longo do enredo.
Análise das representações da criança e dos processos de aprendizagem e formação nos contos de Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Parte-se inicialmente da criação de uma tipologia que sistematiza e categoriza as imagens da infância, as suas intermediações familiares, escolares e sociais, bem como as relações que se estabelecem entre os indivíduos e grupos que se afirmam nas narrativas: pais e filhos, alunos e professores. Os espaços nos quais essas mediações têm lugar (natureza, casa e escola) e os percursos de aprendizagem e formação que norteiam a afirmação da infância são também analisados e articulados com várias teorias acerca da constituição do infantil e das injunções de poder que marcam os confrontos e diálogos entre esses atores sociais. Em uma perspectiva interdisciplinar, os campos teóricos da Educação, História e Literatura imbricam-se por meio do pensamento de autores que refletiram sobre a infância e a formação: Norbert Elias, Philippe Ariès, Mikhail Bakhtin e Walter Benjamin. Além disso, na constituição das infâncias nos contos selecionados, observa-se a interferência motriz de elementos conceituais que delimitam o campo de atuação dos personagens: o conflito, a viagem, o sacrifício, a linguagem, a imaginação, o riso, a morte e o amor. Constrói-se, assim, com a tese um espaço de reflexão sobre as contribuições do texto literário para os estudos pedagógicos acerca da criança e das suas formas de estar no mundo.
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