Pretendo apresentar a pesquisa que estou desenvolvendo sobre a questão animal em duas narrativas de Guimarães Rosa: “O burrinho pedrês” e “Conversa de bois”, publicadas em Sagarana. Em ambas, prevalece o ponto de vista dos animais sobre o mundo e sobre si mesmos. Nesse sentido, por meio da composição da interioridade de personagens animais e também da valorização de diferentes vozes discursivas, as duas narrativas despertam uma reflexão sobre a problematização das categorias de “humanidade” e “animalidade”, estabelecidas pela ciência e pela filosofia ocidentais. Portanto, a partir do estudo sobre a construção da escrita de Guimarães Rosa, proponho uma investigação sobre a questão animal emerge nas histórias selecionadas para o corpus dessa pesquisa. Para tanto, busco um diálogo com os textos de Maria Esther Maciel, bem como de Derrida, Montaigne e Jakob Von Uexkull, reconhecendo suas diferenças teóricas e considerando as contribuições que possam sustentar outras formas de pensar o animal, sobretudo na cultura do sertão roseano. Dessa forma, procuro evidenciar que a literatura em Sagarana “abala” a noção de “humanidade” como algo que se afasta da condição animal.
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