O objetivo desta pesquisa é interrogar como o romance de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, nos possibilita pensar a política e a justiça a partir de um conjunto de relações de forças conflitivas e instáveis. Analisando as experiências do personagem Riobaldo com o julgamento de Zé Bebelo, o pacto diabólico e os conflitos entre bandos de jagunços, buscamos perceber os processos de transformação subjetiva e diferenciação da realidade a partir da experiência jagunça. A escrita roseana consegue expressar estes movimentos em sua imanência sem encerrá-los em formas fechadas, mas mantendo seu trânsito entre oposições indecidíveis. Com isso pretendemos extrair da leitura do texto de Rosa algumas implicações políticas para se problematizar a violência da autoridade que impõe suas ordens e as formas singulares que complicam este sistema de ordenação e fazem escapar novas linhas de composição da vida. É possível então liberar a justiça dos axiomas de bem e mal que condicionam uma forma transcendente e idealista de pensar a ética passando a uma concepção de justiça enquanto demanda que mantém um movimento constante de atualização e transformação da comunidade.
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