O presente trabalho visa a uma análise do mito do duplo na obra Grande Sertão: Veredas, do escritor brasileiro Guimarães Rosa. Temos por objetivo demonstrar a tese de que as personagens Diadorim e Hermógenes apresentam-se enquanto desdobramentos do eu de Riobaldo, narrador-personagem do livro. Para isso, traremos os aportes de teóricos que trataram em suas obras sobre a questão da duplicidade, tais como Sigmund Freud, Clément Rosset, Otto Rank, C.F. Keppler, entre outros, com o intuito de melhor embasarmos nossa investigação. A partir da visão riobaldiana sobre as personagens destacadas, concluímos que Diadorim e Hermógenes, que emergem enquanto contradições opostas da personalidade de Riobaldo, podem ser percebidas como o estranho familiar que habita o narrador da obra, uma vez as personagens mostram-se como dimensões as quais Riobaldo reconhece e nega em si próprio, percebendo-se vazio, carente de uma essência humana que pudesse dar à existência um sentido. Riobaldo, muito aquém de representar uma síntese dialética, é a expressão máxima da impossibilidade de uma solução das contradições da condição existencial do sujeito humano.
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