Apreciador das línguas, da Natureza e, principalmente, da experiência vivida do homem nos lugares em que habita, o escritor brasileiro Guimarães Rosa produz em suas obras uma verdadeira “alquimia”, em que poderes literários e linguísticos confluem e enfrentam a palavra, trapaceando a língua e as normas. Suas obras transparecem os conflitos do homem comum, sobretudo, do sertanejo e sua relação com o meio. Em seu conto “A terceira margem do rio” (1946), um homem reclusa-se em uma canoa e passa a viver no rio, habitando em uma terceira margem imaginária que se materializa somente pelo seu ir e vir no meio das águas. A relação existencial desse personagem com a natureza e, essencialmente, em seu exílio no espaço aquático, possibilita uma leitura espacializada da obra. Assim, este trabalho propõe estabelecer um diálogo interdisciplinar entre Literatura e Paisagem, para analisar a condição de exiliência do personagem recluso no rio. Para isso aliaremos os Estudos Literários aos pressupostos da Geografia Humanista Cultural, de base fenomenológica. Dentre os vários teóricos da teoria literária e da condição do exílio, destacam-se Alfredo Bosi, Eduardo Coutinho, Beth Brait, Alexis Nouss, Ana Paula Coutinho, Edward Said, Luís Alberto Brandão e Mirian Volpe. Quanto aos geógrafos humanistas, evidenciam-se: Eric Dardel, Yi-Fu Tuan e Edward Relph, de quem tomaremos emprestado os conceitos de Espaço, Lugar; Paisagem; Lar; Enraizamento; Exílio; Exiliência.
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