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Fotografia e literatura: os signos de uma narrativa do sertão no livro 'A João Guimarães Rosa' da fotógrafa Maureen Bisilliat
Victor Godoi Castro
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Fotografia e literatura: os signos de uma narrativa do sertão no livro 'A João Guimarães Rosa' da fotógrafa Maureen Bisilliat
Victor Godoi Castro
Dissertação de Mestrado
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2018
O objetivo deste trabalho é estudar as relações entre os signos textuais e visuais na construção de uma narrativa do sertão no livro A João Guimarães Rosa (1969) da fotógrafa Maureen Bisilliat. O livro contém fotografias das paisagens e habitantes do norte de Minas Gerais acompanhadas de fragmentos do livro Grande Sertão: veredas de Guimarães Rosa, que atuam como guia para uma ressignificação das pessoas e locais retratados. Considerando a nação na perspectiva de Stuart Hall (2001) e Homi Bhabha (1998), como um sistema de representações sociais que constituem um tecido de múltiplas narrativas e tendo em foco a identidade nacional brasileira, que tem no sertão uma de suas mais poderosas representações, buscase compreender como a fotografia de Bisilliat interage com os textos de Rosa na construção de uma narrativa de identidade do sertão. A partir de Philippe Dubois (2012) e Boris Kossoy (2016), discute-se a fotografia enquanto possuidora de uma narrativa própria, que em Maureen Bisilliat, contribui para construir uma noção de identidade sertaneja/nacional. Na análise, os elementos que compõe a narrativa de sertão em Grande sertão: veredas foram identificados e classificados conforme a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2011). Com base na semiótica de Charles S. Peirce (2010) e no mapa metodológico proposto por Lúcia Santaella (2002) executou-se a análise dos signos fotográficos em suas dimensões icônicas e, em posse dos parâmetros estabelecidos pelas análises de conteúdo e semiótica, foi estabelecida uma relação entre os signos textuais roseanos e os signos visuais/textuais da obra de Maureen Bisilliat. Observou-se, assim, que a fotógrafa realiza uma iconização das imagens, a partir dos altos contrastes entre luz e sombra e do acréscimo do texto de Rosa, que modifica o seu significado. Além disso, percebeu-se a presença de um discurso sobre o sertão que se assemelha ao historicamente construído, em que as características negativas deste se relacionam a seu isolamento e atraso, enquanto as positivas indicam possibilidade da superação da condição sertaneja.
Palavras-chave do autor:
fotografia
|
identidade nacional
|
Semiótica
|
Sertão
|
tradução intersemiótica
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