JOÃO GUIMARÃES ROSA
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Especularidade e refração: uma leitura do conto "O espelho" em sua relação especular com os demais contos de 'Primeiras estórias' de Guimarães Rosa
Luciene Alves de Assis
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Especularidade e refração: uma leitura do conto "O espelho" em sua relação especular com os demais contos de 'Primeiras estórias' de Guimarães Rosa
Luciene Alves de Assis
Dissertação de Mestrado
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
2009
A escritura rosiana, em geral, é marcada pela criação de um universo mágico e enigmático. Guimarães Rosa manipula a linguagem com tal intensidade que suas estórias causam um impacto intenso no leitor, tornando-se capazes de provocar nele o desejo de, também, percorrer esse espaço fantástico. A travessia desse universo pode ser feita por vários caminhos. Nesta pesquisa, em particular, escolhemos as bifurcações oferecidas pelo livro Primeiras estórias. Publicado em 1962, o livro reúne vinte e um contos, vistos aqui como relatos de experiências de vida. A pesquisa inicia-se por uma análise do conto O espelho, décimo primeiro conto do livro. A partir daí, ressalta-se a etimologia da palavra espelho e seu significado filosófico, a revelação de uma verdadeira identidade por meio da busca interior e das contradições sugeridas no confronto entre o homem e o menino. Da consciência dessas contradições, nasce uma terceira possibilidade de busca existencial. Em seguida, procura-se mostrar como alguns aspectos do conto central aparecem refletidos nas outras vinte estórias do livro: a insistência em usar o universo infantil, a convivência entre opostos, o surgimento de uma terceira dimensão, além da necessidade de dar o salto mortal para transcender e vislumbrar uma terceira parcela da realidade. Após a aproximação entre os contos, explora-se o conceito de palavra com função correspondente à do espelho. Assim, levantamos a hipótese de um trabalho feito com a linguagem que desencadeia especulações e especularidades sobre uma realidade que não é vista com os olhos do corpo, criando uma escritura que se transforma em espaço onde transcender é possível. Na conclusão, observamos como a tese defendida pelo narrador de O espelho aparece comprovada nas experiências individuais de personagens considerados excluídos. Na intersecção das situações narradas podemos compreender como os paradoxos podem levar à percepção de uma realidade que absorve questões espirituais.
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