JOÃO GUIMARÃES ROSA
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Olhando sobre o muro : representações de loucos na literatura brasileira contemporânea
Gislene Maria Barral Lima Felipe da Silva
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Apresentação como tese ou dissertação
1/1
Olhando sobre o muro : representações de loucos na literatura brasileira contemporânea
Gislene Maria Barral Lima Felipe da Silva
Tese de Livre Docência
Universidade de Brasília
2008
O objetivo desta tese é contribuir com a reflexão acerca das formas de representação de grupos marginalizados na literatura brasileira, especificamente no que se refere aos indivíduos psiquicamente perturbados – referidos como loucos. Tomada como objeto social, a loucura é construída por uma rede de discursos que circulam socialmente em relação ao ser do louco e da especificidade da loucura. Se o fenômeno pode ser tratado sob diferentes perspectivas, também o discurso literário, como fonte e espaço de representações, contradições e tensões, pode expressar um saber sobre esse objeto, possibilitando uma compreensão do louco enquanto alteridade, e mesmo como uma identidade social, considerado sujeito da diferença. Partindo do estudo de obras ficcionais literárias relativamente recentes, esta tese aponta a seguinte constatação: conforme o modo de representação da personagem louca, o texto literário estaria operando uma visão emancipatória em relação a esse grupo marginalizado, ou, por outro lado, reforçaria os estereótipos e os preconceitos existentes no espaço social, ao passo que as uto-representações centram-se na linguagem e na escrita como estratégias para revelação de novas identidades sociais. Mediante uma análise estrutural da composição da personagem, examina-se o modo de representação na construção da identidade e da alteridade, apontando elementos usados nos textos que configuram identidades deterioradas pelo estigma de loucas. Este estudo contempla obras narrativas ficcionais da literatura brasileira publicadas no período compreendido entre 1951 e 2001. Enquanto as representações da alteridade são colhidas dos textos literários ―A doida‖ (1951), de Carlos Drummond de Andrade; ―Sorôco, sua mãe, sua filha‖ (1962), de Guimarães Rosa; ―As voltas do filho pródigo‖ (1970), de Autran Dourado; Armadilha para Lamartine (1976), de Carlos Sussekind; O exército de um homem só, (1973), de Moacyr Scliar; e O grande mentecapto (1979), de Fernando Sabino; as auto-representações são obtidas das obras Hospício é Deus (1965), de Maura Lopes Cançado, e Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), de Stela do Patrocínio. Para fundamentar teoricamente a discussão sobre o problema, toma-se como base a teoria da narrativa, com uma abordagem em que se cruzam pressupostos das teorias da identidade e da Teoria das Representações Sociais com o pensamento filosófico de Michel Foucault. No desenvolvimento da análise, considera-se ainda a contribuição das pesquisas da antropologia social, de Erving Goffman, em diálogo com a visão política dos estudos culturais, além de textos de antipsiquiatras, como Thomas Szasz e David Cooper, que debatem o estatuto da loucura no mundo contemporâneo.
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Autores e textos abordados
Autores estudados ou citados neste texto/obra
1/8
Autran Dourado
2/8
Carlos & Carlos Sussekind
3/8
Carlos Drummond de Andrade
4/8
Fernando Sabino
5/8
João Guimarães Rosa
Textos estudados ou citados neste texto/obra
1/4
Hospício é Deus
Maura Lopes Cançado
2/4
Sorôco, sua mãe, sua filha
João Guimarães Rosa
3/4
O grande mentecapto
Fernando Sabino
4/4
O exército de um homem só
Moacyr Scliar
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