O Diário de guerra, título provisório das anotações feitas por João Guimarães Rosa durante o período em que exerceu o cargo de vice-cônsul na Alemanha, demonstra, mesmo se de forma incipiente, o distanciamento consciente que mantinha em relação às ações bélicas dos primeiros anos da Segunda Guerra. Esse distanciamento não se explica apenas por sua posição de diplomata, mas resulta de uma aversão profunda contra a violação da dignidade humana, cometida em nome da ideologia nazista. Rosa foge das questões políticas e prefere se interessar por fenômenos naturais encontrados na Alemanha, mas não hesita em mostrar sua revolta quando o nazismo fere seus princípios humanistas – cuja defesa não deixa de ser política.