Este texto objetiva considerar que, diferentemente do vivenciado em tempos passados, mudanças ocorrem nas práticas em Saúde Mental que possibilitam saídas para o sujeito encarcerado no mundo das drogas. Elas contam com possibilidades desse próprio sujeito e com a entrada em cena de outros atores sociais, indo além do instituído pelas políticas públicas, como a Reforma Psiquiátrica, e pelo saber profissional, surpreendendo com invenções que só acontecem quando se abre para o inusitado e se desprende do enraizamento aos mesmos paradigmas. Ilustra-o um caso clínico atendido no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Coronel Fabriciano-MG, que encontra sua própria saída seguindo os postulados usados pela equipe de saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), saberes construídos em parceria inédita entre aquele movimento e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, através da Escola de Saúde Pública. Traçase um paralelo entre o paradigmático caso da internação manicomial da mãe e filha de Sorôco, personagens de João Guimarães Rosa, em seu livro Primeiras estórias, em que o determinismo da única e imposta saída são percebidos de forma avassaladora, tanto pelos protagonistas como pelo povo do local, comparando-se com as possibilidades contemporâneas. Diversificação das saídas permitem ampliação dos recursos, facilitando ao sujeito a localização de seu papel singular, encontrando respostas únicas, originais, abrindo outros espaços psíquicos possíveis, para além do que nos foi retratado pelo poeta. Aborda também a capacidade de interposição do saber profissional entre o sujeito e suas saídas, por estarem estas fora do instituído como saber legítimo.