Este artigo propõe uma leitura analítica de “A estória de Lélio e Lina” de Guimarães Rosa, tendo como principal objetivo demonstrar a influência da presença de temas míticos na composição das categorias narrativas. Para isso, elaboramos uma apresentação teórica a respeito do mito e utilizamos as propostas de Gérard Genette, principalmente no que diz respeito à voz e à focalização, bem como textos de críticos que se debruçaram sobre a obra de Rosa.
Este estudo demonstra os efeitos estéticos produzidos na estrutura da narrativa a partir da escolha da temática da conversão do pecador em santo no conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, parte do livro Sagarana de Guimarães Rosa. Além disso, também analisa os efeitos de sentido advindos do fato de o narrador declarar, em seu início, que o conto se trata de uma “estória inventada” e embasar sua construção na ideia da tríade. O referencial teórico é composto de estudos estruturalistas, em especial, de Genette, e artigos críticos sobre a obra de Guimarães Rosa.