Raul Bopp e João Guimarães Rosa levam seus leitores a movimentarem-se,
mobilizando-os, colocando-os em processo de mudança. É o que ocorre nas obras “Cobra
Norato” e ”Meu Tio o Iauaretê”, nas quais potências arrastam, provocam e têm a possibilidade
de desalojar. Percebemos nesses textos o ápice do perspectivismo ameríndio, conceito
defendido por Eduardo Viveiros de Castro, e também do devir-animal, termo cunhado pelos
filósofos Gilles Deleuze e Felix Guattari para defender o rompimento de fronteiras entre o
mundo humano e o mundo animal. Ao analisarmos o espaço em que as tramas ocorrem,
caracterizamos as personagens e examinamos a linguagem.