Com base no ideal de cultura de uma coletividade é possível a identificação do sujeito com o local. O local, entendido, aqui, como região e/ou espaço de pertencimento de uma sociedade a uma esfera comum que envolve a integralização de seus membros. A partir dessa premissa, intenta-se investigar nas manifestações literárias de Brasil e Moçambique as marcas culturais que deflagram o local nas regiões dos dois países. Para tanto, o corpus investigativo debruça-se sobre a seguinte questão: Como se dá a representação humana e da terra nas tradições localizadas trazidas pela ficção? Procurando explorar tal objetivo, delimitou-se dois contos da coletânea de contos Primeiras Estórias (1967), de Guimarães Rosa e outros dois da coletânea O fio das missangas (2009), de Mia Couto a fim de estabelecer um elo entre o local brasileiro e o local moçambicano. A pesquisa possui caráter bibliográfico atrelando os referenciais teóricos aos textos ficcionais, com enfoque literário-sociológico e histórico.
Este artigo apresenta os grandes eixos escolhidos para a discussão do Colóquio dos 50 anos de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. O problema dos gêneros rosianos (caso, lenda, conto, poema, romance) tem íntima ligação com a tensão entre a particularidade característica e regional do material, de um lado, a ânsia universal e metafísica do outro. No tratamento mítico, Rosa procura transcender a objetividade crítica das análises sociológicas do ensaísmo dos anos 30 e 40 (Holanda, Freyre, Vianna).