O trabalho traça a evolução e as transformações do tema da Idade de Ouro, como tem surgido insistentemente na cultura ocidental, desde Hesíodo, examinando três instâncias literárias importantes em que desponta com preeminência: Lewis Carroll, Dante e Cervantes. A partir desta perspectiva, indico como surge o ideal da Idade de Ouro nas memórias de Riobaldo, de maneira peculiar sua e, ao mesmo tempo, de certa forma, de maneira similar às mencionadas incidências literárias do tema.
Este artigo pretende analisar um breve episódio do romance Grande sertão: veredas de João Guimarães Rosa. Trata-se do episódio da estada no sítio da Guararavacã do Guaicuí, lugar aprazível e bonito, que se contrapõe aos demais lugares do Sertão rosiano, ásperos e inóspitos. A permanência do protagonista Riobaldo e dos outros jagunços neste lugar, que toma a conformação de um verdadeiro Paraíso Terrestre, ganha um valor espiritual e metafísico que remete para a tradição mítica da Idade de Ouro e literária do locus amoenus.