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Labirintos da Memória

A Coleção Labirintos da Memória tem como proposta divulgar algumas das linhas de pesquisa desenvolvidas pelo PROIN. Este projeto, através de uma ação conjunta entre o Arquivo do Estado e a Universidade de São Paulo, tem se empenhado, desde 1996, em formar uma nova geração de pesquisadores dedicados a resgatar a memória política nacional e, em especial, do Estado de São Paulo.

Como que perdida em meio a um labirinto, esta memória encontra-se registrada nos milhares de documentos que compõem o Fundo DEOPS/SP, antigo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (1924-1983). Pesquisando os prontuários nominais e institucionais investimos em diferentes caminhos. As dúvidas em escolher esta ou aquela trilha nos instigaram a garimpar registros até então desconhecidos e que ainda se mantêm suspensos no vácuo da memória. Estas informações, cruzadas pelos pesquisas em andamento, se prestam para compor a memória coletiva retirando do anonimato cidadãos que, num passado recente, protestaram contra a desigualdade racial, social e política.

Tal constatação, retomando aqui a imagem do labirinto, nos coloca diante do fosso que separa (de fato) a sociedade civil do Estado autoritário, hostil e alheio às diferenças. Privilegiando a análise dos excluídos, das minorias étnicas e políticas, estamos reconstituindo a cultura que, até então, sobreviveu enquanto memória clandestina, memória proibida. Ao efetuarmos esta revisão da história, certamente teremos mitos arranhados como: “Getúlio, pai dos trabalhadores”, “Brasil, país dos imigrantes”, “democracia racial brasileira” . São as memórias “marginais” que nos interessam e que, até então, se fizeram modeladas pelo silêncio e abafadas pelas versões oferecidas pela história oficial. Nessa incursão heurística procuramos preservar os múltiplos discursos, tanto o dos atores da resistência como o dos opressores, com o objetivo de demonstrar como, cada qual à sua maneira, procurou legitimar seu próprio passado e forjar sua auto-imagem.

Não conseguiremos cobrir a maioria dos grupos sociais mas, certamente, algumas pistas ficarão indicadas para aqueles que quiserem se aventurar pelas corredores dos labirintos da memória.

Além deste volume publicado pelo Ateliê Editorial em parceria com a Imprensa Oficial, encontram-se programados os seguintes temas: Panfletos Sediciosos, Charges Proibidas, Risos Contidos; e Minorias Rebeldes. Hoje, tendo em vista o processo de democratização vivenciado pelo Brasil, temos condições de divulgar a ação daqueles que defenderam a liberdade de expressão. A documentação que agora tornamos pública nos permite avaliar, por entre as fissuras dos escritos policiais, como a intolerância política se manifestou por meio da proibição, da exclusão, da perseguição e da eliminação do cidadão, quando necessário.

Tornaram possível esta publicação: Sérgio Kobayashi e Carlos Taufik Haddad, respectivamente diretor-presidente e coordenador editorial da Imprensa Oficial do Estado; Lauro Ávila Pereira, coordenador editorial e de informática do Arquivo do Estado; Plínio Martins e Ricardo Assis, da Ateliê Editorial; Dieter Strauss e Hella Klauser, respectivamente diretor e pesquisadora do Goethe - Institut Inter Nationes, Paris; Beatriz Kushnir, historiadora; Inajá Oliveira, arquivista do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro, Lauro Indursky, Miguel Kossoy, Michael Pinkuss e Hélio Valeiro.

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