Dependendo da altura e da posição em que estiverem localizadas, as barreiras rígidas usadas para a separação de vias contrárias podem interferir na visão que condutor possui da pista, dificultando a tomada de decisão no caso de uma situação inesperada. No entanto, o uso desse tipo de barreira é bastante comum nas estradas brasileiras.
A dissertação de mestrado Estudo da influência do posicionamento de barreiras rígidas centrais na visibilidade de projeto em rodovias de pista dupla, da engenheira de transportes Érica Santos Matos, apresentada à Poli/USP, expõe algumas diretrizes sobre o posicionamento dessas barreiras, a fim de que, ao conduzir em pistas com separadores contínuos, o motorista tenha a visibilidade adequada para trafegar com segurança por essas vias.
As barreiras rígidas são importantes para evitar que veículos desgovernados atravessem a pista contrária, atingindo outros veículos ou objetos fixos. Contudo, como esclarece Érica Matos, dependendo da altura que possuírem e do posicionamento, essas barreiras podem comprometer a visão do condutor, prejudicando sua capacidade de captar informações da via e do tráfego, bem como de realizar manobras bruscas, no caso de haver um obstáculo repentino à frente.
Tecnologia 3D no auxílio às simulações
O estudo procurou investigar o posicionamento dessas barreiras nas estradas do país a fim evitar a interferência na distância de visibilidade de parada – distância que o veículo percorre do momento em que o condutor percebe uma situação perigosa até o instante em que o automóvel para – necessária ao motorista. Isso pôde ser feito através de constantes análises de simulações em programas de computação tridimensionais. Para a autora, essa metodologia se mostrou bastante eficiente, além de apresentar baixo custo.
As simulações foram realizadas com barreiras com alturas de 0,81 m, 1,00 m e 1,40 m. Para o caso dos separadores de 1,40 m, constatou-se que quanto mais fechada uma curva for, maior deve ser o afastamento entre a barreira e a faixa de rolamento – que separa a pista da barreira. No entanto, para os separadores de 0,81 m e 1,00 m, os resultados foram distintos, dependendo de inúmeras variáveis. “Não existe uma regra, são muitos os fatores que devem ser considerados e avaliados caso a caso, isoladamente”, explica Érica.
A autora relata ainda que, diante dos crescentes números de acidentes com veículos nas rodovias brasileiras, pesquisas como essas são importantes para que medidas sejam tomadas pelo Estado. “É preciso dar continuidade [ao estudo], com novas hipóteses e validações para ter condições de ser agregado às normativas e recomendações para projetos de estradas”, conclui a engenheira.