São Paulo (AUN - USP) - As políticas em saúde pública no Brasil têm sido determinadas sem ouvir às necessidades e expectativas da população. A constatação é da professora do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP, Augusta Thereza de Alvarenga: “A população não pode ser ignorada nesse processo de promoção, e tradicionalmente se vem determinando que tipo de ação é levada para a população sem ouvi-la”. É esse o foco central de discussão do Seminário Promoção da Saúde em Debate, que acontece nos dias 19 e 20 de maio na FSP. O evento deverá colocar em pauta o panorama das políticas de promoção de saúde no país, bem como propor e discutir a própria noção de promoção inserida no contexto da saúde coletiva.
O seminário é uma iniciativa da Faculdade e da APSP (Associação Paulista de Saúde Pública), através da comissão editorial da revista Saúde e Sociedade, um esforço conjunto das duas entidades. Há ainda a participação do Ministério da Saúde que financiou três números da revista dedicados inteiramente ao tema, a serem lançados no primeiro dia do evento.
O primeiro painel do seminário irá tratar da questão da Intersetorialidade e Políticas Públicas. “Temos que entender como, de fato, se começa a implantar políticas públicas que contemplem a sociedade”, explica Augusta. Além disso, a saúde é um fenômeno complexo que envolve uma série de disciplinas e profissões, e que, portanto, exige que sejam trazidas ao debate todas as diversas maneiras de ver o problema. Ela afirma que “promover saúde” implica ir além da questão da prevenção: “[A promoção da saúde] não é só uma questão biológica, é uma questão social, uma questão cultural, uma questão política, e é uma questão econômica”.
O segundo grande tema do evento – Empoderamento, Participação e Comunicação em Saúde – diz respeito à inclusão da sociedade no processo de decisão e à participação efetiva da população na saúde pública como um todo. Augusta, que também é editora da revista e integra a comissão organizadora do seminário, considera que o esclarecimento da população a respeito dos temas ligados à saúde é fundamental para que ela possa ajudar a definir o trabalho a ser feito para que este de fato atenda às suas necessidades. A professora destaca ainda o importante papel da mídia nesse aspecto: “O jornalismo especializado em saúde é um campo muito carente, e tem uma grande importância em levar às pessoas o conhecimento sobre saúde”.
O último tópico do seminário é a Integralidade, Humanização e o Cuidado em Saúde, que apresenta a noção do paciente como pessoa inteira e não apenas um agrupamento de sintomas. Daí decorre o tema da humanização que é, de acordo com Augusta, “uma das bandeiras que se tem levantado muito ultimamente para que a questão da saúde seja pensada dentro de uma ótica dos direitos humanos”. De maneira geral, o intuito do debate é estabelecer uma nova noção de como se promove saúde e de como se cuida em saúde. Busca trazer para o campo da saúde pública e coletiva contribuições de outras e diversas disciplinas, como as ciências sociais e a filosofia: “É necessário refletir além do ponto de vista científico, por isso é comum que os autores da área de saúde recorram à filosofia, por exemplo”.
Maiores informações: http://www.apsp.org.br/saudesociedade/.