Entre os dias 14 e 30 de abril os paulistanos puderam assistir um retrospecto da mostra internacional de cinema antropológico Contro-Sguardi, que acontece todos os anos na cidade de Perugia (Itália). A iniciativa da Associazione Contro-Sguardi em parceira com o CINUSP Paulo Emílio e com o LISA – Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP foi a primeira realização de uma retrospectiva do festival fora da Itáliacom e teve apoio do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, da Associação Indígena Bebô Xikrin, do Centro de Estudos Ameríndios da USP e do Cine Livraria Cultura.

O festival surgiu em 2008 no âmbito do curso de doutorado em antropologia desenvolvido em uma parceria entre as Universidades de Perugia, de Siena e de Cagliari. Segundo Paride Bolletin, curador da mostra: "Um pequeno grupo de alunos estava à procura de formas de ultrapassar as barreiras – etnográficas e temáticas – entre as respectivas pesquisas. A escolha da forma de promover essa aproximação recaiu sobre o que parecia ser um instrumento tremendamente promissor: o vídeo etnográfico.” A mostra se propõe a levar discussões que, primariamente seriam restritas ao ambiente acadêmico, para círculos mais amplos, dialogando com os meios de produção de seus espectadores.

A escolha de realizar a retrospectiva na capital paulista foi uma tentativa, segundo Bolletin, de ampliar os diálogos e percepções que são os pilares do festival. Em São Paulo, a mostra trouxe aos seus espectadores uma outra proposta para o uso da sala de cinema: a construção de uma abordagem coletiva para o objeto estudado. Os filmes trazidos abordavam uma enorme quantidade de temas, sob perspectivas igualmente vastas, contudo, nas sessões (não tão cheias quanto as de outras mostras) era possível notar a imersão dos espectadores em um novo ambiente, com novos paradigmas e problemas.

Como os demais festivais de cinema que acontecem na cidade, o Contro-Sguardi tem o desafio de conquistar um público. No entanto, tornou-se evidente a incrível capacidade da mostra de inserir no imaginário do cinéfilo temas restritos às salas de aula.