ISSN 2359-5191

14/05/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 13 - Saúde - Faculdade de Medicina
Ômega-3 interfere na atrofia muscular causada por anti-inflamatórios
No cotidiano, o consumo do ômega-3 se faz em forma de cápsulas (Foto: Nicholas Cheong/Flickr)

A atuação do ômega-3, gordura benéfica ao organismo, como substância preventiva à ocorrência de atrofia muscular induzida por glicocorticóides foi testada através de estudo, promovido pela Faculdade de Medicina da USP. Os corticóides são amplamente utilizados na prática médica pelo seu poder anti-inflamatório entretanto, consumido em larga escala de tempo, podem provocar atrofia muscular como efeito colateral negativo. A verificação da eficácia do uso do ácido graxo ômega-3 para prevenir a doença se mostrou um caminho interessante pelo histórico de eficácia da substância ao atenuar a atrofia muscular causada pelo câncer, septicemia (infecção generalizada) e privação alimentar.

Responsável pelo estudo de mestrado, o fisioterapeuta Alan Fappi utilizou a dexametasona como glicocorticóide para induzir a atrofia muscular em animais de pequeno porte e descreve a sua metodologia: “previamente demos 30 dias de ômega-3 aos ratos, em uma dosagem de 100mg por dia que, proporcionalmente, seria o que uma pessoa iria ingerir no cotidiano”. A escolha pela aplicação do ácido graxo comercializado em cápsulas, ao invés da substância pura encontrada em laboratórios, possibilita resultados próximos à realidade do consumo humano. Contudo, a conclusão foi de encontro ao proposto pelo estudo, uma vez que o ômega-3 foi incapaz de prevenir a atrofia, pelo contrário, em uma primeira análise, potencializou o atrofiamento das fibras musculares

Em relação a isso, Fappi alerta: “o que fizemos foi um estudo inicial, não podemos concluir que o ômega-3 vá induzir uma pessoa a ter uma maior atrofia muscular”. Para o fisioterapeuta, uma série de fatores pode ter conduzido tais consequências, como a alta dose de dexametasona utilizada - que é uma substância forte em comparação a outros da mesma classe - em detrimento de pouco ômega-3 no organismo dos animais. Além disso, o estudo não prevê a interação entre a substância e a membrana celular, a qual se mostrou uma das hipóteses de ter causado essa inversão no efeito.

Para aprofundar o assunto e trazer respostas mais concretas, o pesquisador continuará os testes no seu doutorado, que se inicia ainda neste ano. Fappi adianta que desta vez usará duas doses diferentes de dexametasona, uma menor e outra maior, em conjunto com aumento do número de animais na experiência. A continuidade no estudo é, para o profissional, relevante pelo fato de as pessoas usarem, tanto o ômega-3 quanto o anti-inflamatório esteroidal no dia a dia: “o glicocorticóide é uma das substâncias mais utilizadas na prática médica”. Apesar de ser o foco de seu mestrado e doutorado, ele comenta que atitudes simples na rotina das pessoas, como a prática de exercícios físicos, já seriam suficientes para prevenir a atrofia muscular.

Ômega-3

O ômega-3 não é produzido pelo organismo, por isso se classifica como ácido graxo essencial, e deve ser consumido através da ingestão de alimentos que contenham tal substância. Pode ser encontrado em sementes oleaginosas (canola e linhaça), alguns vegetais e animais de origem marinha. Recomenda-se o uso dele por benefícios no sistema cardiovascular e nervoso, principalmente relacionado à memória. Segundo estudos, essa substância havia auxiliado na atenuação da atrofia muscular em casos específicos, como câncer, septicemia e privação alimentar.

“O ômega-3 é uma família de ácidos graxos e dentro dela os dois principais são: o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosaexaenoico)”, conta Fappi. Normalmente nos estudos se estuda separadamente cada um desses elementos. Entretanto, o fisioterapeuta utilizou cápsulas com a mistura de EPA e DHA, por serem facilmente encontradas em farmácias.


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