A avaliação da Polícia Militar e da Polícia Civil está diretamente relacionada à percepção de eficiência e de educação na abordagem por parte dos policiais. Esse é o principal resultado apontado na dissertação de mestrado de Frederico Castelo Branco Teixeira, intitulada "Avaliação da polícia no município de São Paulo (2001-2010)".
O pesquisador se aproveitou dos dados levantados pelas cinco ondas da "Pesquisa domiciliar sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violência e violação de direitos humanos", realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP nos anos de 2001, 2003, 2006, 2008 e 2010 e obteve algumas indicações relevantes. "Fizemos uma análise estatística da avaliação das pessoas sobre a polícia ao longo dessa década para analisar quais variáveis mais interferem nessa percepção: nível escolar, cor da pele, renda familiar, vitimização, experiência indireta com a violência e crime, desordem no bairro e sentimento de insegurança", afirmou Frederico.
A análise apontou, ainda, que a diferença entre as instituições da Polícia Militar e da Polícial Civil não está muito clara na cabeça das pessoas. "O resultado indicou que as pessoas diferenciam muito pouco as duas polícias, pois elas as avaliam de forma muito parecida", contou o pesquisador, integrante do NEV há sete anos. Ele afirmou também que "na análise dos dados, não foi possível perceber uma relação direta entre uma eventual alteração na avaliação policial e as diferentes políticas públicas adotadas, as estratégias escolhidas e a mudança nos gestores de segurança. O dia-a-dia no contato com a polícia influencia mais os dados."
Através do estudo foi possível notar também que cerca de 20% dos munícipes de São Paulo não estão satisfeitos com suas instituições de segurança pública. "Cerca de um quinto das pessoas avaliou a polícia de forma negativa em todas as ondas analisadas", revelou Frederico. "O percentual de insatifação nunca esteve abaixo dos 20% até 2010. Quando a avaliação positiva cresce, é a avaliação regular que cai. O que quer dizer que existe um grupo significativo permanentemente insatisfeito com a polícia."
Após analisar os dados, Frederico afirmou acreditar que existe um problema na forma como alguns gestores de segurança pública atuam. Segundo ele, "uma postura democrática, clara, respeitosa e justa, não deve ser encarada pelas agências policiais como uma questão somente relacionada à imagem institucional. A atenção, a forma como a polícia procede e se relaciona com os cidadãos deve ser encarada como estratégia de policiamento", conta o pesquisador, que finaliza dizendo que "polícia respeitosa é polícia eficiente, na medida em que está fortalecendo seus vínculos com a comunidade, sem a qual a polícia não conseguirá atuar a contento, uma vez que sempre dependerá das informações dos cidadãos."