O Laboratório de Conservação e Restauro do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) está realizando o projeto Coleção Alberto Lamego IEB-USP: Recuperação, Formação, Digitalização e Acesso, que visa restaurar o acervo de Alberto Frederico de Morais Lamego, colecionador que tinha o costume de adquirir obras raras em leilões e livrarias. Em sua coleção de quase 5 mil documentos e 4 mil livros, estão manuscritos e impressos de grande importância histórica, como sermões do Padre Antonio Vieira e documentos relativos à disputa entre Espanha e Portugal sobre a Bacia do Prata.

Lúcia Thomé, supervisora técnica do laboratório, conta que foi feita uma seleção de livros e documentos para o projeto. "Nós fizemos um trabalho, a princípio, de pegar de dentro dessa coleção 84 livros e 150 sermões e fizemos uma higienização completa", afirma. Segundo Lúcia, eles estavam em péssimo estado de conservação, tanto por envelhecimento da celulose quanto por ataque de anobídeos, um tipo de cupim que se alimenta desse polímero.

O processo de restauração

Para serem restaurados, os livros passam por um processo meticuloso desde o momento em que chegam ao laboratório. São feitos o desmonte e um tratamento aquoso para que então as folhas passem por uma máquina obturadora de papel, a MOP. Na máquina, as folhas entram em contato com uma polpa que ajuda a preencher eventuais falhas existentes no papel. Ao saírem dela, recebem uma camada de spray adesivo e são colocadas em uma prensa para a secagem.

Folha de um livro antes e depois de passar pela MOP. Fotos: Laboratório de Conservação e Restauro.

Após a secagem, as páginas já estão restauradas e é possível fazer a digitalização das obras. “Do jeito que elas se encontravam, não se podia fazer o manuseio para digitalizar”, afirma Lúcia. Por fim, elas são reunidas novamente: costuradas e reencadernadas, passam a ter mais uma vez a forma de livro.