Com um público de cerca de 150 a 200 pesquisadores externos por ano, o perfil daqueles que procuram o Herbário da USP (SPF) vai desde docentes de universidades, alunos da própria Universidade, que frequentam o local diariamente, ou até mesmo estudantes de outras instituições associadas, que podem ter algum vínculo através da pós-graduação. Com um acervo de cerca de 210 mil registros, o local é a principal base de dados para pesquisadores de plantas em São Paulo, especialmente nos estudos da área de taxonomia - organização de grupos de organismos através de sua nomenclatura.
O curador responsável é Renato de Mello-Silva, professor do Instituto de Biociências (IB). Segundo ele, o herbário é focado no tipo de vegetação encontrada no Brasil Central e, além disso, a oferta de exemplares também é definida pela demanda dos especialistas. O acervo conta, em sua maioria, com plantas que dão flores, pois esse tipo constitui o maior número de espécies no mundo. Apesar do objetivo ser voltado para estudos nacionais, a coleção também contém plantas originárias do exterior, principalmente da América Latina.
Esses modelos, tanto nacionais quanto internacionais, podem chegar ao acervo de duas maneiras. A primeira consiste na coleta feita por pesquisadores em campo, tendo em vista sua necessidade de análise ou até mesmo o nível de raridade da espécie, e então elas são tratadas e anexadas ao banco de dados. O outro método parte da troca de exemplares, situação em que, na maioria das vezes, são adquiridas as espécies de localidades exteriores. Doações também são aceitas.
É como uma biblioteca
O acervo é aberto apenas para especialistas e com horário de visita agendado. Para Alexandre Rizzo, doutorando pelo IB e utilizador do acervo para sua atual pesquisa com plantas trepadeiras, o herbário é a coleção onde todos os materiais estão guardados, desde descrição das espécies de antigamente até hoje. “Nele nós podemos ter um registro histórico, geográfico e morfológico das espécies”, afirma. Através dos exemplares disponíveis, ele dá prosseguimento à sua pesquisa cujo método consiste em usar o DNA de cada planta para entender os seus parentescos e estudar a evolução de seus caracteres morfológicos e sua história biogeográfica.
O curador Mello-Silva diz que o herbário é a base de qualquer pesquisa que se faça na biologia. Ali está catalogada toda a diversidade que pode ser encontrada. Toda a literatura e os estudos já feitos são consequência da análise de coleções como essa. “O especialista olha para a planta e dali pode tirar várias informações”, diz. É possível saber de onde veio, quando floresce, onde ela ocorre, os aspectos anatômicos e genéticos. “É como uma biblioteca”, conclui ele.
Local: Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
Endereço: Rua do Matão, 277, Cidade Universitária - São Paulo/SP
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