O novo Guia Alimentar Brasileiro foi lançado no começo de novembro e apresenta inovações em relação ao anterior, produzido em 2006, principalmente por enxergar a alimentação de uma forma mais ampla. Ele não dá atenção apenas aos alimentos consumidos, mas também aos melhores modos de comer e como incorporar a alimentação saudável ao dia a dia, além de defender a culinária regional.
Em um de seus capítulos, ele fala sobre as barreiras que dificultam a alimentação saudável e dá dicas para driblá-las. Uma das barreiras é a grande quantidade de tempo gasta no trânsito, que impede as pessoas de cozinhar refeições equilibradas nutritivamente. Para essa situação, uma das sugestões do guia é cozinhar apenas uma vez por semana os alimentos demorados, como feijão, e armazenar no congelador para ser consumidos ao longo do tempo. Ele também cita barreiras como a falta de habilidade culinária, publicidade agressiva de alimentos não-saudáveis e a falta de oferta de verduras e frutas frescas em bairros da periferia.
O guia foi produzido pelo Ministério da Saúde e contou com a assessoria do Nupens (Núcleo de Pesquisa Epidemiológica em Nutrição e Saúde) da USP, além de ser apoiado pela Organização Pan-Americana da Saúde. Maria Laura Louzada, pesquisadora do Nupens, conta que ele foi concebido para ter uma linguagem menos técnica e chegar mais facilmente às pessoas. “Quem lê o guia deve ser capaz de entendê-lo”, afirma. Assim, ele pode ser um instrumento para tornar a população mais autônoma em relação à sua alimentação.
Modos de comer que favorecem a saúde também são abordado no guia, que sugere refeições feitas com companhia, em locais calmos e onde não haja oferta ilimitada de comida. Além disso, ele desincentiva o consumo de alimentos ultraprocessados como fast-food e refrigerantes, que tem baixo valor nutricional e grande quantidade de conservantes. Além de serem prejudiciais à saúde, eles são associados a comer fora de casa ou enquanto pratica outras atividades. Comportamentos que favorecem a ingestão excessiva de alimentos.
Além disso, o guia relaciona o consumo de alimentos ultraprocessados e congelados à perda da culinária tradicional brasileira e a globalização da alimentação. Já que, ao escolher os alimentos pré-prontos, deixamos de comer outros que fazem parte do nosso cardápio, como arroz e feijão ou mandioca, e que são formas de patrimônio cultural imaterial. “O guia alimentar acredita que a alimentação tradicional é muito forte e que há chances de brecar essa tendência”, afirma Maria Laura.
A primeira tiragem do novo Guia Alimentar Brasileiro foi de 60 mil exemplares, que serão distribuídos gratuitamente a hospitais, centros de saúde públicos e escolas. Além disso, ele já está disponível integralmente na internet.