Exercícios de força são importantes para o tratamento de osteoartrite de joelho, porém muitos pacientes não conseguem seguir em frente por conta das dores que sentem durante os treinamentos. Uma pesquisa desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), da USP, com a colaboração do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (LACRE), da Faculdade de Medicina, parece ter encontrado uma boa saída: a redução do fluxo sanguíneo (oclusão vascular).
A osteoartrite é uma doença crônica e degenerativa. Ela faz com que a cartilagem vá “esfarelando” (fibrosando) e, com isso, ela vai ficando mais fina, ou seja, acaba ficando sem poder de absorção de impacto. Essa doença vai piorando ao longo da idade e não tem cura. “Não adianta tomar remédio, até existem umas fórmulas que dizem que refaz essa cartilagem, mas não existe nenhuma comprovação científica disso”, afirma Rodrigo Ferraz, autor da dissertação.
Os exercícios e, portanto, o fortalecimento muscular dessa região, ajudam na melhora da dor, já que os músculos também têm uma capacidade muito grande de absorver o impacto da caminhada. Então, quanto mais forte a pessoa está, menos o joelho vai ser sobrecarregado e a patologia vai evoluir de uma maneira mais lenta. “Você não consegue fazer a cartilagem voltar ao normal, mas tem estudos que mostram que você consegue interromper aquele quadro”, afirma.
O tratamento consistia em fazer esses exercícios de força com uma redução do fluxo sanguíneo do local (oclusão vascular parcial). Essa redução era feita através de um manguito, como os de aferir pressão, aplicado na perna dos pacientes, o que reduzia aproximadamente 80% do fluxo sanguíneo normal. Com essa redução, é possível aplicar cargas extremamente baixas e atingir resultados similares. “Como os pacientes que tem osteoartrite têm problemas de dor no joelho, e não conseguem realizar um movimento com cargas maiores, a gente aplicou essa técnica”, explica o pesquisador.
Isso foi comprovado ao se analisar os motivos de desistência ao longo do tratamento. O grupo que teve aplicado apenas o tratamento de força com alta intensidade (altas cargas) apresentou, dos 16 que iniciaram, quatro desistências por conta da dor. No caso dos pacientes que realizaram o tratamento com oclusão, as desistências foram todas por outros motivos. Além da melhora nesse ponto, a pesquisa comprovou que o ganho de força foi realmente similar nos dois grupos. Analisando-se a dor que esses pacientes sentiam, após o fim do tratamento, ambos apresentaram melhora, mas o grupo da oclusão teve uma melhora maior.
O pesquisador ressalta que esse tipo de tratamento não pode ser realizado por qualquer pessoa em qualquer lugar, pois requer avaliações prévias, visto que há uma redução do fluxo sanguíneo da pessoa. “Essa é uma técnica que pode ser feita, mas com todos os cuidados pertinentes e necessários para não causar nenhum malefício ou lesão”, alerta.