ISSN 2359-5191

05/05/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 30 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Odontologia
Laser pode ser nova promessa no tratamento de doenças bucais
Pesquisas na Faculdade de Odontologia da USP buscam aprimorar tratamento da periodontite em fumantes através da tecnologia
Estudos com laser procuram melhorar tratamento de doenças bucais em fumantes. Fonte: Reprodução.

Os males causados pelo vício em tabaco são conhecidos já há alguns anos. Doenças como o câncer de pulmão e da laringe, ataques cardíacos e disfunção erétil, por exemplo, são divulgadas inclusive nas embalagens dos cigarros. Mas os problemas gerados com o fumo, não param no surgimento das doenças: a resposta ao tratamento de enfermidades em fumantes possui eficácia menor comparada a dos não-fumantes, e essa característica é também observada no tratamento de doenças bucais.

A saúde bucal daqueles que fumam é fortemente afetada pelos seus hábitos e, sem o cuidado necessário, a perda de dentes e a proliferação de doenças sérias podem acometer facilmente quem faz uso do cigarro todos os dias. Na periodontite, forma evoluída e mais grave da gengivite, o tratamento para reverter a situação delicada da gengiva e dos dentes dos pacientes que fumam, utiliza métodos traumáticos para as regiões afetadas pela doença. Assim, se para os não-fumantes o  método tradicional de combate à periodontite, a raspagem, já implica em dores e desconfortos no ambiente bucal; para os fumantes ocasiona efeitos mais  complicados ainda.

Para encontrar formas alternativas de diminuir a “agressividade” dos métodos convencionais no tratamento dessas doenças, pesquisas com o uso de laser já estão sendo realizadas como método complementar à tradicional raspagem. Na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP), um laboratório específico estuda a aplicabilidade do laser nos mais diversos tipos de setores da Odontologia.

Qualificado com nível de excelência dentro e fora do país, o Lelo, Laboratório Especial de Laser em Odontologia, sedia os estudos de diversos pesquisadores que veem no laser o futuro dos tratamentos odontológicos. Assim, apostando nos resultados positivos do uso do laser na Medicina, pesquisadores como a dentista Michelle De Franco Rodrigues, da FO, acreditam que a aplicação do laser pode auxiliar o tratamento da periodontite em fumantes, por exemplo. Para verificar essa hipótese, a pesquisadora Michelle estudou a aplicabilidade da tecnologia em 35 pacientes durante um ano. Após passado o período, a mestre comprovou que a associação do laser no tratamento periodontal para fumantes não traz os resultados esperados utilizando os protocolos dos aparelhos mais comercializados no mercado nacional, e que são necessários novos ajustes nos protocolos dos fabricantes.

A pesquisa

Avaliando apenas pacientes que consumiam pelo menos 10 cigarros por dia, Michelle De Franco colocou metade da boca de seus pacientes sobre um tratamento duplo, utilizando em conjunto com a raspagem, a aplicação de laser com corante. Na outra metade da boca, a pesquisadora usou somente o tratamento tradicional de raspagem.

Estudando as respostas ao uso do laser como método complementar, a pesquisadora pode observar que os parâmetros clínicos avaliados apresentaram diferenças em relação aos que não tiveram a mesma técnica. Contudo, não o suficiente em média para comprovar, ao final da pesquisa, que sob efeito da dosagem de laser sugerida pelo fabricante do produto, a tecnologia fosse eficaz na melhoria do resultado absoluto.

Apesar de nenhum paciente ter apresentado efeitos adversos ao tratamento completar ou ter relatado dor, Michelle alerta que os fabricantes devem ajustar seus protocolos para uma maior eficiência do produto. Seus estudos demonstraram que o laser diminuiu a inflamação em 25% dos pacientes e que permanece, portanto, como um grande promissor no combate a doença.

“É uma área que cresce na Odontologia. A gente [os pesquisadores] acredita que ele é o futuro e que vai servir não apenas para a parte terapêutica, mas também para a diagnóstica”, enfatiza a pesquisadora, a despeito do resultado, dizendo que seu estudo é apenas um dos braços de uma pesquisa muito maior que busca no laser novas soluções.  Para a mestre em Ciências Odontológicas, a resposta para o tratamento pode propiciar melhoras significativas, mas ainda são necessários novos estudos com outras doses de laser, diferentes das utilizadas por ela.

Para os fumantes com periodontite e outras doenças sistêmicas ou bucais, a melhor alternativa ainda é a busca pelo fim do vício. No Hospital Universitário, situado no Campus da Cidade Universitária da USP, no Butantã, um tratamento para o combate ao vício é oferecido pelos médicos, dentistas e psicólogos do hospital. Com reuniões todas as segundas-feiras, às 9 horas da manhã, os profissionais do programa dão todo o suporte médico e psicológico necessário na luta contra o tabagismo.  Se você ficou interessado, acesse www.tabagismo.hu.usp.br, se informe melhor e inicie a caminhada para uma vida sem cigarro. 

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