ISSN 2359-5191

15/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 49 - Economia e Política - Escola de Comunicações e Artes
Pesquisa propõe novo modelo de análise da comunicação em franquias
Método defende que avaliação do retorno de investimentos em comunicação leve em conta experiência do consumidor, pois apenas indicadores financeiros são insuficientes
Segundo pesquisa, análise da comunicação em franquias deve levar em conta a relação do consumidor com a marca. (Imagem: Shutterstock)

Quando uma empresa detém uma marca e concede franquias, ela precisa investir na comunicação dessas lojas e avaliar qual o retorno dos investimentos. Atualmente, isso se dá principalmente com base no retorno em vendas. No entanto, de acordo com uma pesquisa de doutorado desenvolvida na Escola de Comunicações e Artes da USP, é preciso ir mais além: a análise deve se dar também com base na experiência do consumidor e em sua relação com a marca ao longo dos anos, valorizando o comportamento individual dos clientes. O intuito do estudo foi contribuir com novas maneiras de avaliar e, a partir disso, planejar a comunicação de empresas. 

O modelo foi desenvolvido pela pesquisadora e doutora em comunicação Renata Steffanoni Bernardes de Queiroz, depois da realização de estudos de caso em empresas que atuam no formato de franquia, sob a orientação do professor Mitsuru H. Yanaze. A pesquisadora explica que, quando uma pessoa possui uma franquia, precisa dar parte de seus lucros para os detentores da marca, que irão utilizá-los para investimentos em comunicação e construção do relacionamento com clientes. Essa comunicação deve ser padronizada, pois quando o consumidor passar a conhecer a marca e entrar em uma loja, seja ela onde for, terá a mesma experiência e encontrará os produtos nos mesmos lugares, por exemplo. Isso contribui para a construção de uma relação com a marca – que, de acordo com a pesquisa, é um importante indicador de como os investimentos em comunicação estão gerando retorno. 

“Em uma franquia de perfumes, por exemplo, o consumidor vai vivenciar as mesmas fragrâncias, as mesmas cores, a mesma iluminação. Tudo isso será associado à marca, criando lembranças”, explica Renata. Com essa relação estabelecida, segundo a pesquisadora, a tendência é que o consumidor tenha um “impulso natural” de entrar nas lojas da rede. “Mesmo que o consumidor não tenha poder aquisitivo para comprar na loja naquele momento, ele é capaz de admirá-la e recomendá-la”, diz a pesquisadora, ressaltando a necessidade de enxergar além do aspecto financeiro. 

Para analisar essa relação, Renata propõe, por exemplo, o cadastro interno dos consumidores a partir da construção de bases com histórico de seu comportamento. Assim, é possível observar quais produtos consomem, de que maneira eles se comportam ao longo dos anos, quando se afastaram da loja e como reagiram a determinadas campanhas de comunicação. O cadastro deve ser acessível para qualquer franquia da rede, o que permite que, independente da loja que o consumidor esteja frequentando, o lojista possa oferecer a ele produtos alinhados com o seu interesse. 

Hoje, para avaliar o retorno desse tipo de investimento, os franqueadores costumam se basear em indicadores financeiros, mas, segundo a pesquisadora, eles são insuficientes na medida em que refletem o passado a curto prazo. Além disso, uma franquia demora cerca de dois anos para se estabelecer e conseguir retornos financeiros significativos (é o chamado “prazo de maturação”).

Para a pesquisadora, os detentores da marca (franqueadores) devem analisar sempre se os donos das lojas (franqueados) seguem a proposta de comunicação elaborada pela empresa. Por exemplo: se o franqueador decide que os produtos devem ser organizados de uma maneira, isso deve ser respeitado pelo franqueado. Ainda segundo a pesquisa, também é preciso analisar como o dono da loja utiliza as redes sociais, já que cabe a ele essa relação mais direta com o consumidor. “Hoje, muitas pessoas sonham em ter sua franquia, mas não sabem da importância de estabelecer essa relação com a marca”, afirma.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br