Pesquisa iniciada em 2014 na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP desenvolveu um software capaz de mensurar o risco a que grávidas estão submetidas no trajeto de casa à Unidade Básica de Saúde (UBS). O estudo conta com a participação de professores e alunos dos cursos de Obstetrícia e Sistemas de Informação (SI) e está em fase de conclusão.
Pensado para aproximar os gestores da área da saúde à realidade das mães, o software surgiu com a necessidade de mensurar — e diminuir — as inconveniências de acessibilidade. Para isso, ele leva em conta os dados do prontuário de acompanhamento da gestante, que abarca dados pessoais — peso, altura, idade, idade gestacional, número de gestação e abortos — e histórico de doenças e gravidezes anteriores. O programa também computa os dados da trajetória da gestante, como presença de buracos, escadas, cruzamentos perigosos, calçadas estreitas ou inexistentes, sinalização e a distância percorrida.
O nível de periculosidade do percurso é medido através de pontuações atribuídas a cada elemento. Após somar todas as variáveis, o software fornece um score que ordena o nível de risco através de uma tabela pré-estabelecida. Os alunos de graduação,em regime de iniciação científica, foram responsáveis por coletar os dados utilizados e ajudar a desenvolver o aplicativo.
A intenção é que o software auxilie na prevenção de acidentes e possa melhorar a formulação de políticas públicas de adesão ao acompanhamento pré-natal. Eunice Almeida da Silva, docente do curso de Obstetrícia ressalta a importância social da pesquisa: “Ela dá base para a prevenção de acidentes e assessora o atendimento da chamada ‘atenção básica’. Ao sinalizar os riscos que as gestantes correm, o estudo dá meios para que o serviço de saúde se estruture e se torne apto a lidar com essas mães”.
O programa, que contou com a supervisão na produção do professor de SI, Edmir Parada Vasques Prado, procura por parcerias com órgãos municipais e estaduais, já que não possui financiamento. Finalizado, ele passará para a fase de testes com as grávidas a partir de agosto.
Dessa pesquisa, originou-se outro estudo, que pretende comparar os resultados de periculosidade com os dados socioeconômicos das gestantes. “Queremos analisar de forma comparativa as vulnerabilidades de acesso e social”, explica a professora Eunice.