O pesquisador Eduardo Vilas Boas – autor da tese de doutorado “O comportamento do empreendedor e suas influências no processo de criação e no desemprenho da empresa” – descobiu que determinado comportamento e perfil influenciam no futuro de um empreendimento. A tese, orientada pelo professor Silvio Aparecido dos Santos, indica que o indivíduo mais organizado e com pensamento a longo prazo traz resultados positivos para a empresa.
Os três perfis de um empreendedor são: (1) planejador, (2) executor e (3) voltado para o poder. O primeiro, segundo Vilas Boas, “tem visão de longo prazo e consegue ter um planejamento adequado”. O perfil executor comporta “uma pessoa pró-ativa, que não espera e faz.” Por fim, a pessoa que é voltada para o poder é aquela que tem um poder de convencimento enorme de todo mundo que está ao redor. No estudo, o perfil planejador obteve o melhor desempenho, seguido pelo executor e, em ultimo lugar, o voltado para o poder.
Em relação aos diferentes tipos de comportamento, é possível enumerá-los em: (1) planejamento a longo prazo, (2) planejamento a curto prazo e (3) intermediário. A pessoa que planeja a longo prazo começa o seu empreendimento de maneira organizada, mas, após um tempo, percebe que não dá para fazer tudo tão planejado. O indivíduo que prioriza o imediato percebe, depois, que é preciso pensar mais no futuro. E o terceiro grupo abriga as pessoas que estão entre esses dois extremos. Novamente, o primeiro comportamento trouxe mais benefícios para a empresa.
Para ilustrar os diferentes tipos de comportamento, o pesquisador afirma: “Quando você vai começar o seu negócio, você pode alugar aquele ponto que é o melhor da cidade ou ir para um quartinho na casa do seu pai. Você sabe que o primeiro vai ser bom para você durante os próximos anos, mas seu pai não vai cobrar aluguel e o quarto, por enquanto, resolve.”
Vilas Boas constatou que os empreendedores modificam o seu padrão de comportamento ao longo do processo. Ou seja, o empreendedor que inicia o processo de maneira mais organizada tende a ser menos organizado com o passar do tempo. Quem começa o seu negócio de maneira mais executiva, por sua vez, tende a se planejar mais depois. “Há a existência de três grupos, e eles tendem a exercer esse aprendizado ao longo do caminho. O indivíduo que começa de um extreme percebe que precisa ir para um meio termo”, afirma o pesquisador.
A tese, defendida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAUSP), foi motivada pelo fato de alguns autores mais recentes terem deixado o planejamento em segundo plano, focando na execução. “Isso me inquietava bastante, porque eu acredito que não seja nem um extremo nem outro”, disse Vilas Boas.