São Paulo (AUN - USP) - A falta de exatidão na representação do discurso coletivo nas pesquisas de opinião pública levou o professor Fernando Lefevre e a professora Ana Maria Cavalcanti Lefevre, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveram o software QualiQuantiSoft – uma parceria com a empresa Sales e Paschoal Informática.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Ibope Opinião, o hábito da leitura de notícias traz maior consciência política e social. A pesquisa foi encomendada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e para esta questão perguntas limitadas com alternativas não eram eficientes. Perguntas abertas foram feitas aos entrevistados, e cada grupo pesquisado representa um tipo de discurso. As maneiras de agrupar, distribuir e divulgar estes dados nas pesquisas são polêmicas, sua validade pode ser questionada dependendo do método que é utilizado. Esta polêmica é a área de atuação do software.
A palavra chave que o QualiQuantiSoft traz é “credibilidade”, pois se tem o intuito de funcionar como uma máquina fotográfica da situação a ser analisada – e não como uma “pintura bonita”.
A ferramenta tem o objetivo de organizar e sistematizar pesquisas qualiquantitativas desenvolvidas através de um tipo específico de levantamento – a pesquisa do Discurso do Sujeito coletivo. Sendo assim, o software é um instrumento para a detecção do que as pessoas pensam sobre um determinado tema – e quantas delas pensam isso.
Além de ser simples de se lidar, o instrumento possui algumas funções extras como o arquivamento de cada passo da pesquisa, e o cadastramento dos participantes. Após o processamento dos depoimentos, o QualiQuantiSoft emite relatórios com os resultados (parciais ou finais) do estudo – o pesquisador economiza tempo e pode se dedicar às questões mais conceituais.
É importante lembrar que o Instituto de Pesquisa do Discurso Coletivo (IPDSC), coordenado pelos pesquisadores da FSP, oferece cursos de capacitação para o uso do software.
Evolução
Por muito tempo, métodos imprecisos eram usados na organização dos discursos obtidos nas pesquisas. Entre as limitações das respostas em alternativas, e o fato dos pesquisadores não saberem o que fazer com os dados obtidos a partir das perguntas abertas, muitas das estatísticas obtidas não tinham exatidão nem total isenção.
Expansão
O sistema foi desenvolvido inicialmente para ser usado na área de saúde pública, mas suas possibilidades de expansão são inegáveis. Dentre as teses produzidas com o auxílio da ferramenta, temos uma que se refere ao “Desenvolvimento de judocas brasileiros talentosos” – defendida na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP.
A ferramenta também ultrapassou as fronteiras da USP. O software já foi usado em pesquisas desenvolvidas nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Dentre as organizações que já fizeram o uso temos o Ministério da Saúde, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Organização Mundial de Saúde.
O software está disponível para download no site www.spi-net.com.br