A pesquisadora Anna Carolina Volpi Mello Moura, em conjunto com o professor José Carlos Pettorossi Imparato, desenvolveu patentes para dentes decíduos (de leite) artificiais. Eles são voltados para o ensino da odontologia, podendo ser opacos ou transparentes e feitos basicamente de resina acrílica .
Como atualmente existem menos dentes naturais disponíveis para estudo, devido a melhoria na qualidade da saúde bucal do brasileiro e, portanto, a diminuição das extrações, era necessária a criação de novas ferramentas de ensino.
Antes dos dentes artificiais, os alunos de odontologia recorriam ao mercado clandestino ou aos cemitérios, em busca de arcadas para estudo. Visando acabar com tal exposição dos discentes e pesquisadores e proporcionar melhores condições para o treinamento pré-clínico e desenvolvimento de pesquisas, o Professor Imparato criou, junto a Faculdade de Odontologia da USP, o primeiro banco de dentes do Brasil, que arrecada doações e as empresta para estudo ou pesquisa.
No entanto, as doações de dentes de leite são poucas, devido à falta de conscientização da população. Não há a noção de que o dente é um órgão como os demais do corpo humano e deve ser descartado de maneira correta. Além disso, os dentes de leite que caem naturalmente, não possuem raiz e coroa, já que esta é reabsorvida pelo organismo, através do processo de rizólise. Dessa forma, não há como os alunos treinarem o tratamento endodôntico de canal nesse tipo de órgão.
Mas como os dentes decíduos artificiais possuem raiz e cavidade endodôntica (canal), além do tecido duro (esmalte, dentina e polpa), com eles é possível o contato prévio laboratorial com o tratamento de canal e com o tratamento atraumático restaurador (ART), no caso de cáries, em dentes de leite. “Os alunos saem da faculdade sabendo o que é isso agora”, comenta Anna Carolina.
Esta importante ferramenta de ensino possibilita o aprendizado desde a mínima intervenção, até o tratamento e a pesquisa, comenta a pesquisadora. Os dentes artificiais já são comercializados e tem baixo custo, o conjunto com seis sai em torno de 100 reais. Por sua importância e fácil acesso, 50 cursos de odontologia no Brasil já utilizam dentes artificias no ensino.
Apesar de inovador, o produto é “artesanal e requer aprimoramento” comenta Anna Carolina. Na versão transparente, a polpa (tecido mole), que contém vasos e nervos, foi feita com cera vermelha e ainda não há a diferenciação entre o esmalte e a dentina.