Componente do Projeto Antares, a análise das consequências das alterações nos ecossistemas costeiros da América do Sul pelas mudanças climáticas tem sido realizada pela equipe de pesquisa de Paulo Sinisgalli, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). O pesquisador e sua equipe estudam as relações entre as mudanças climáticas e o impacto econômico causado por elas, em um projeto iniciado em 2014 que será concluído em 2018, com o objetivo de alertar as comunidades humanas sobre esta relação. As alterações nos ecossistemas modificam padrões de disponibilidade de espécies que afetam setores da economia como a pesca e o turismo. A pesquisa vem sendo realizada inicialmente em um estudo de caso em Ubatuba, pela disponibilidade de instalações já existentes no local.
O Antares é um projeto que envolve pesquisas na Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Peru e Venezuela, e estuda os padrões de mudanças de longo período nos ecossistemas para distinguir aqueles devidos à variabilidade natural daqueles causados pela ação antrópica. Uma parte da equipe é responsável pela coleta de dados em campo e a equipe coordenada por Sinisgalli realiza as relações entre os resultados e as consequências econômicas, por meio do desenvolvimento de um modelo matemático dinâmico integrado que correlaciona os serviços ecossistêmicos com a produção pesqueira.
A correlação realizada pelo grupo coloca na prática a Economia Ecológica. Essa área do conhecimento estabelece paralelos entre o ambiente e a comunidade humana que faz uso de seus recursos, economicamente. “A Economia Ecológica procura mostrar que o ecossistema apresenta certo limite, e colocar regras para que a atividade econômica se adeque a essas limitações”, diz o pesquisador. Assim, equilibrar a utilização dos recursos naturais de modo que o aproveitamento possa ser feito e ao mesmo tempo prevenir sua exaustão.
Este tipo de uso consciente dos recursos naturais é praticado na Ilha do Marujá, onde foi estabelecido o Parque Estadual da Ilha do Cardoso. O local é uma Unidade de Conservação na qual a Associação dos Moradores do Marujá (Amomar), organização que representa a comunidade tradicional da ilha, tem autonomia de gerenciamento de seus recursos naturais. Ela própria avalia e controla as regras estabelecidas para o uso de seus recursos. O grupo realizou a pesquisa de economia ecológica na ilha, porque, segundo Sinisgalli, “é importante observar o modo como a comunidade tradicional da Ilha do Marujá se relaciona com seu ambiente, para que se possa aprender com suas experiências e aplicar esse conhecimento em nossa sociedade”.
Outro projeto, associado ao Antares, também nos mesmos objetivos, é o Biota Araçá, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As pesquisas realizadas na Baía do Araçá (São Sebastião, SP) também verificam o estado de conservação do ecossistema da região e, por meio do estabelecimento de relações entre a conservação biológica e a economia do local, procuram meios de conciliá-los, que foram apresentados em congressos internacionais.
Por meio dos estudos acima, o grupo almeja provar aos agentes econômicos os limites dos ecossistemas através de entrega de dados científicos, e conseguir que seu manejo ocorra de maneira mais sustentável.