A caquexia é uma síndrome multifatorial que se caracteriza pela perda de massa da musculatura esquelética. Por conta disso, a síndrome se relaciona a uma redução da tolerância ao esforço físico e nos pacientes com câncer, é relacionada a um encurtamento do tempo de vida. Porém, em seu doutorado, Christiano Robles Rodrigues Alves descobriu que o treinamento é capaz de atenuar os efeitos da caquexia induzida por câncer em animais. O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.
A perda de massa causada pela caquexia leva a uma progressiva incapacidade funcional, que não pode ser revertida por suporte nutricional convencional. Por isso, o tratamento combina muitas ações, mas foi pouco estudado em pessoas que tiveram a síndrome por indução de um câncer. Então, surgiu a ideia de Christiano de entender se o treinamento aeróbio pode ajudar no tratamento, além de entender os mecanismos envolvidos neste treinamento.
O estudo começou utilizando diferentes modelos experimentais (animais) de caquexia, sendo eles: Walker 256 (modelo em ratos), B16 e Lewis (em camundongos). Depois, os pesquisadores avaliaram os efeitos do treinamento físico aeróbio sobre o desenvolvimento da caquexia nesses três modelos. “Em comum, observamos que o treinamento físico aeróbio aumenta a tolerância ao esforço físico e a sobrevida dos animais”, contou.
Depois do resultado inicial, aconteceu uma análise para descobrir quais proteínas estavam alteradas na musculatura esqueléticas dos animais, mas que foram normalizadas após o treinamento. Identificadas, essas proteínas podem ser o alvo de um possível tratamento.
“Atualmente estamos realizando um estudo em colaboração com o Icesp para confirmar se a alteração dessas proteínas observadas em animais também se reproduz na musculatura esquelética de pacientes com câncer que apresentam caquexia”, disse Christiano. Os primeiros testes serão realizados com pacientes de câncer de pulmão, população que apresenta altos índices de caquexia, segundo o pesquisador.
Apesar de ainda estar em andamento, o estudo se mostra importante para a identificação e tratamento da síndrome. Segundo o doutorando, a ideia é desenvolver um marcador que o médico possa avaliar e determinar as chances de um pacientes com câncer apresentar caquexia ou não. Isso é uma necessidade urgente na prática clinica, principalmente para essa população que é muito debilitada. Identificadas as funções dessas proteínas, é possível pensar em intervenções para estes pacientes. O pesquisador, no entanto, lembra que a fadiga muscular dificulta a prática de exercícios, o que torna necessário o desenvolvimento de outros tipos de tratamento.