Atualmente residente na cidade de Berkeley, na Califórnia, Marcelo Nolasco, pesquisador da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, e seu grupo de pesquisas formado por alunos de graduação de Gestão Ambiental, chegou a resultados muito interessantes na implementação de um projeto de tratamento de águas.
O estudo consiste em uma instalação de pequenas estações de tratamento de esgoto por zonas de raízes, processo chamado em inglês de Wetlands. Ele é um sistema constituído por pedras britas (utilizadas em construção civil) e alguns tipos específicos de plantas, instalado no próprio edifício, 30 centímetros abaixo da superfície e coberto com plantas resistentes pesquisadas nas margens do rio tietê pelo grupo. O esgoto é depositado nesse sistema e filtrado no próprio local, com a ajuda das bactérias que acompanham os próprios resíduos, para depois retornar ao próprio edifício como água limpa (mas não potável), para utilização nos banheiros.
A ideia surgiu da necessidade de se tratar um problema atual, que ocorre no mundo inteiro, que é a do esgoto. O problema tem sido tema de interesse de organizações mundiais, e foi instituído pela ONU no dia 19 de novembro o Dia Mundial do Banheiro (Toilet Day), criado para chamar a atenção da população para a importância dessa questão, tanto por motivos ambientais quanto motivos de saúde pública. “No Brasil temos o exemplo dos chamados ‘banheiros voadores’. As pessoas, por falta de condições adequadas de saneamento básico, fazem suas necessidades em sacos plásticos e simplesmente os jogam o mais longe possível”, diz o pesquisador.
Tendo em mente as condições precárias que grande parte da população mundial vive, o grupo vê o projeto como uma solução simples e barata de reaproveitamento da água. Ele foi aplicado com sucesso para o reaproveitamento de parte do esgoto da EACH pelo grupo. Além disso, Nolasco conta que o sistema é utilizado em um prédio público de Berkeley.
O pesquisador também trabalha em um projeto de tratamento de esgoto a longo prazo, que se baseia no fato de que somente 20% da água que é levada a estações de tratamento é de esgoto propriamente dito. Ou seja, 80% da água é originada de torneiras, chuveiro entre outros usos – as chamadas águas cinzas. Esse tipo de água é extremamente mais fácil de ser tratada do que a proveniente dos vasos sanitários, sendo assim, a solução pensada é a da separação dos dois tipos logo na fonte (os edifícios). Contudo, para isso seriam necessárias reformas nos edifícios, o que dificulta sua realização por demandar tempo e investimento financeiro.